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Conto contemporâneo: Quem vive sem cebolas?

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     Era sexta-feira de tardezinha. Era daquelas tardezinhas que não são frias e nem quentes. Daquelas tardezinhas calmas em que o céu está com poucas nuvens e a rádio do vizinho toca samba-de-raiz. Aparentemente, tudo estava bem. Menos para Dona Tânia.      Acabaram-se as cebolas. Como viver sem cebolas? Dava para viver sem tomates, mas cebolas? Nunca! Com cebolas, se refogava arroz, frango, carne bovina, peixe. Temperavam-se caldos. Faziam-se vinagrete e farofa. Isso era tão verdade verdadeira absolutaque era a primeira coisa que Dona Tânia fazia ao cozinhar. Nenhum país (quiçá mundo) poderia permanecer em paz sem cebolas por muito tempo.     Ela grunhiu ao contemplar a gaveta inferior da geladeira. Não só faltavam cebolas como também as batatas e seus amigos turbérculos. Ergueu a coluna e reclamou da dor nas costas. Daí, com desdém fitou o carrinho de compras jogado no chão do quintal. Estava na hora de ir ao horti-fruti e Dona Tânia só queria assistir a novela mexicana. Sim, aquela