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Mostrando postagens de setembro, 2020

Conto: O Ladrão de Pizza

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 Um conto contemporâneo sobre a vez em que uma pizza valeu mais que um celular. A buzina da motocicleta ressoou três vezes pela rua mal iluminada. A cortina da janela do sobrado se abriu, depois de vinte segundos. e uma sombra fez sinal ao entregador. Daí, passaram-se a ouvir três vozes discutindo sobre onde estava a carteira e quem desceria. O entregador já conhecia a ladainha, pois já era comum o cliente só deixar para procurar o dinheiro na hora em que a entrega chegava. Agora a discussão era quem iria buscar. Então, enquanto aguardava alguém descer do sobrado, ficou respondendo mensagens no celular, entediado e desatento. Não havia viva alma na rua desde que começou a quarentena, principalmente àquela hora. Completaram-se três minutos de espera. Já era quase uma e meia da madrugada de segunda e essa era sua última entrega. Suspirou cansado. Para ele, o fim de semana só acabava na madrugada de segunda quando os esfomeados tardios faziam os últimos pedidos. Compreensivamente, o m

Conto: Céu da Boca

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 Ele só pediu um pintor de primeira categoria. O resultado foi divino. Um conto sobre choque do antigo e o novo. Atenção! Contém: infiltração e tinta fresca.  Contos de escritores contemporâneos

Conto: Chorando Jabuticabas

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Seu Valente tem uma jabuticabeira e ai de quem chegar perto. Um conto sobre o apego ao passado, ao material e à repressão de sentimentos indesejados. Contém jabuticabas e Anum.    A brisa fria passou por entre as pilastras da varanda. Era começo de julho, mas o ápice do inverno não repelira o morador da casa de permanecer ali para assistir à manhã virar meio-dia. Sua cadeira balançava ritmicamente enquanto seu proprietário lustrava sem pressa sua espingarda velha. Ali assobiava com o canto da bem-te-vi e do sabiá. Fazia oito anos que um pé de jabuticabas fora plantado por Dona Ana, a pacata mãe do herdeiro do casebre,   pouco antes de sua morte. A partir daí, o homem viu a arvorezinha crescer a cada visita ao sítio conforme o tempo tentou remendar as saudades da sua mãezinha. Na varanda fria, ele muito se agradava de finalmente contemplar o tronco da árvore lotado de pontinhos roxos e redondinhos. Frutos oriundos das mãos de sua mãe. Às vezes, uma lágrima lhe escapava pelo nari